Já ouviu falar na história por trás do Dia Internacional da Mulher e a luta por direitos?

A origem da comemoração do Dia Internacional da Mulher é repleta de controvérsias e versões. Alguns, como a maioria dos brasileiros, associam o surgimento da data com a greve das mulheres que trabalhavam em Nova York na Triangle Shirtwaist Company e, consequentemente, ao incêndio que ocorreu em 1911. Outros consideram um segundo marco – a marcha das mulheres russas por pão e paz em 1917, uma manifestação contra a fome e a Primeira Guerra Mundial.

Em primeiro plano, as condições de trabalho insalubres e perigosas eram razão para frequentes protestos por parte das trabalhadoras, consideradas como mão de obra mais fácil e econômica. Elas atuavam como operárias nas fábricas de vestuário e da indústria têxtil e ficaram marcadas na história ao protagonizarem manifestações contra as más condições de trabalho e os baixos salários. No dia 26 de fevereiro de 1909, em Nova York (EUA), aproximadamente 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho – as quais, na época, envolviam jornadas que poderiam chegar a 16h por dia. Esse seria o marco do primeiro “Dia Nacional da Mulher” americano.

Além disso, observa-se também a crescente insatisfação com a exploração nas longas jornadas na Europa. Dessa forma, em 1910, a alemã Clara Zetkin propôs a realização de manifestações anuais pela igualdade de direitos. Assim, o primeiro Dia da Mulher oficialmente registrado ocorreria em 19 de março de 1911. Porém, em 1917, houve um marco ainda maior: um grupo de operárias saiu às ruas para protestar em um movimento que daria início à Revolução Russa.

Entretanto, o que esses fatos históricos têm a ver hoje com a direito feminino? Eles fazem parte de diversos momentos na história de luta contra violações aos direitos e de busca por melhorias. Posteriormente, a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, oficializou o Dia Internacional da Mulher, sendo estabelecido como um marco para a iniciativa de celebração do Ano Internacional da Mulher.

Assim, conclui-se que o episódio marcante da tragédia na tecelagem Triangle Shirtwaist Company  se transformou para a história ocidental numa marcha por melhores condições de trabalho e de direitos para as mulheres, angariando ativistas e defensores para um maior engajamento em causas femininas defendidas no Dia Internacional da Mulher. Portanto, a data é lembrada atualmente como um pedido de igualdade de gênero e é marcada com protestos ao redor do mundo.

Mulheres capazes de conquistar o mundo x realidade?

Cleópatra, Boadicéia, Alexandria, Dandara, Chica da Silva, Mary Wollstonecraft, Maria Quitéria, Tarsila de Amaral, Simone De Beauvoir, Margareth Thatcher, Olga Benário, Clarice Lispector, Hilda Hilst, Marina Silva, Carolina Maria de Jesus, Dilma Roussef. Brevemente citamos algumas mulheres que deixaram suas marcas na história do Brasil e do mundo, mulheres essas que ocuparam posições de liderança ou simplesmente passaram pelos obstáculos por conta do seu gênero.

O processo histórico de aquisição de direitos para as mulheres foi um processo árduo e lento, porém, com o advento da Revolução Industrial e principalmente durante a 1ª Guerra Mundial, a mulher foi lançada ao mercado de trabalhado, exercendo funções tipicamente masculinas, o que alterou a dinâmica social da época. Destaca-se que a mulher negra já vivia muito antes uma jornada até tripla de funções, sendo mãe, dona de casa e trabalhando fora. Pois bem, com a mudança na dinâmica das atribuições na sociedade, o mundo se viu na obrigação de mudar! Junto com a história, os costumes e o mundo jurídico, acompanhou, então, o compasso nesta dinâmica.

Porém, eis de salientar que mesmo com tamanha mudança, o machismo ainda se encontrava nesses processos, causando entraves para o exercício da igualdade de gênero e de direitos!

Nesse passo, não se pode deixar de evidenciar que mesmo com tantas discussões teóricas e a criação de legislações específicas para proteção e a concessão de direitos às mulheres, ainda persiste certa fraqueza na sua eficiência e no seu cumprimento dentro da sociedade. Um exemplo são os altos índices de violência contra mulher mesmo após a promulgação da Lei Maria da Penha, havendo um crescimento de 13% para 37% no percentual de mulheres agredidas por ex-companheiros entre os anos de 2011 e 2019, incluindo situações em que os agressores eram ex-maridos e também ex-namorados, segundo a 8ª edição da Pesquisa Nacional sobre Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Também há que se falar nos casos alarmantes de Feminicídio, especialmente no período atual de pandemia da Covid-19, em que muitas vítimas ficam reclusas em casa junto com seus agressores. Tal crime hediondo consiste no assassinato de uma mulher vítima de violência doméstica e familiar, por menosprezo ou discriminação à condição da vítima ser uma mulher, segundo a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/2015).

Com isso, é importantíssima a atuação estatal na coibição de crimes desta natureza e na atuação em parceria com instituições em defesa à mulher, com a implementação de projetos de conscientização e que tragam informação e educação para a população, de forma a se resguardar a proteção aos direitos femininos e proporcionar uma sociedade justa, segura e igualitária.

Algumas conquistas da legislação e dos direitos femininos ao longo dos séculos no mundo:

REFERÊNCIAS:

ESPORTE CLUBE PINHEIROS. Principais lutas e conquistas das mulheres ao longo da História. Disponível em: <https://www.ecp.org.br/principais-lutas-e-conquistas-das-mulheres-ao-longo-da-historia/>. Acesso em: 22/02/21.

G1. A origem operária do 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/03/08/a-origem-operaria-do-8-de-marco-o-dia-internacional-da-mulher.ghtml >. Acesso em: 22/02/21.

ESTADÃO. Porque 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Disponível em: <https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,porque-8-de-marco-e-o-dia-internacional-da-mulher,70003222664,0.htm >. Acesso em: 22/02/21.

DOSSIÊ FEMINICÍDIO. Cronologia dos direitos das mulheres. Disponível em: <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/cronologia-dos-direitos-das-mulheres/ >. Acesso em: 22/02/21.

SENADO. Violência doméstica e familiar contra a mulher – 2019. Disponível em: <Violência doméstica e familiar contra a mulher – 2019 — Portal Institucional do Senado Federal>. Acesso em: 25/02/21.

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